Além do buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia, a Via Láctea também serve como lar para buracos negros estelares menores que se formam quando uma estrela massiva entra em colapso. Os cientistas acreditam que existem 100 milhões de buracos negros estelares apenas em nossa galáxia, mas a maioria deles ainda não foi descoberta. Os que já foram encontrados têm, em média, cerca de 10 vezes o tamanho do nosso Sol, sendo que o maior deles atinge 21 massas solares. Graças às informações coletadas pela Missão Gaia da Agência Espacial Europeia. No entanto, os cientistas descobriram um buraco negro estelar que tem 33 vezes o tamanho do nosso Sol, tornando-o o maior do seu tipo que já vimos na nossa galáxia até agora. Também está relativamente perto do nosso planeta, a cerca de 1.926 anos-luz de distância.
Gaia BH3, como é agora chamada, foi notada pela primeira vez por uma equipe de cientistas da ESA que se debruçava sobre os dados da missão em busca de algo incomum. Uma velha estrela gigante da constelação vizinha de Áquila chamou a atenção com a sua oscilação, levando à descoberta de que orbitava um enorme buraco negro. O BH3 foi difícil de encontrar apesar de estar tão próximo — é agora o segundo buraco negro conhecido mais próximo do nosso planeta — porque não tem corpos celestes suficientemente próximos que possam alimentá-lo com matéria e fazê-lo iluminar-se em telescópios de raios-X. Antes da sua descoberta, só tínhamos encontrado buracos negros de tamanho comparável em galáxias distantes.
A equipe da ESA utilizou dados de telescópios terrestres como o Observatório Europeu do Sul para confirmar o tamanho do corpo celeste recém-descoberto. Eles também publicaram um artigo com descobertas preliminares antes de lançarem um mais detalhado em 2025, para que seus pares pudessem começar a estudar Gaia BH3. Por enquanto, o que eles sabem é que a estrela que a orbita tem muito poucos elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio, e como os pares estelares tendem a ter composições semelhantes, a estrela que entrou em colapso para formar BH3 poderia ter sido a mesma.
Os cientistas há muito que acreditam que são as estrelas pobres em metais que podem criar buracos negros de grande massa após o seu colapso, porque perdem menos massa durante a sua vida. Por outras palavras, teoricamente ainda teriam muitos materiais restantes no momento da sua morte para formar um enorme buraco negro. Esta foi aparentemente a primeira evidência que descobrimos que liga estrelas pobres em metais a buracos negros estelares massivos, e é também a prova de que as estrelas gigantes mais antigas se desenvolveram de forma diferente das mais novas que vemos na nossa galáxia.
Provavelmente veremos estudos mais detalhados sobre sistemas binários e buracos negros estelares que usam dados de BH3 e sua estrela companheira no futuro. A ESA acredita que a descoberta do BH3 é apenas o começo e será o foco de mais investigações à medida que procuramos desvendar os mistérios do universo.